Os tretas. |
É triste. É lamentável tudo o que se passou nos últimos dias relativo aos incêndios, em particular o de Pedrógão Grande que ceifou a vida a 62 pessoas e deixou imensas outras desprovidas de tudo o que construíram durante toda a vida. A minha solidariedade está para com essas pessoas e desejo que recuperem rapidamente tudo o que for possível uma vez que a dor da perda jamais será recuperada. Mas não é isso que me leva a escrever hoje. Já muito foi dito em relação a este assunto. O que realmente me revolta é que somente quando as desgraças acontecem, se partilhem continuamente o que está mal, o que de errado tem sido feito, o que poderia ter sido feito. Mas nunca (ou muito raramente) se vê tanta gente a partilhar opiniões sobre como as coisas podem ser evitadas. Não fico surpreendido com a rapidez com que muitos portugueses se prontificaram a ajudar, tendo inclusivé atingindo proporções tais que levaram a que fosse solicitado o abrandamento na quantidade de doações. É necessário aferir quais as prioridades e como as ajudas devem ser distribuídas para que possam ser eficazes. No entanto, há muitos outros locais que continuam a precisar de ajuda e outros que, infelizmente, irão necessitar futuramente. Também não me choca a estupidez das pessoas. É verdade. Existem pessoas cuja estupidez, falta de bom senso, egoísmo e egocentrismo pôem em risco a vida dos próprios e principalmente dos outros. Pessoas que (ao bom jeito português) vão apra os cenários de calamidade e tragédia apenas para ver. Para exercerem as suas funções de "treinador de bancada". E que ao fazê-lo estacionam o seu carro ao calhas, impedindo o acesso das viaturas de emergência e tantas outras situações que seriam perfeitamente evitáveis não fosse o "chico-espertismo" uma das (duvidosas) qualidades do ser humano. Dêem uma volta pelas ruas junto às praias e observem a forma animalesca com que alguns energúmenos estacionam, sem o mínimo de respeito pelos outros e principalmente porquem possa necessitar de ser rapidamente assistido por uma ambulância.Custa-me a crer como é possível ser tão anormal ao ponto de estacionar um carro praticamente no meio da estrada, ocupando uma via completa quando a estrada tem apenas duas. Obrigando aqueles que apenas pretendem passar na estrada a manobras constantes, completas gincanas automobilísticas.
Carros estacionados em cima dos passeios sem o mínimo de consideração pelos peões. Ainda ontem pensava nisto ao caminha para casa com o saco das compras. Via peões a serem forçados a "ultrapassar" os carros estacionados em cima do passeio. Peões que são obrigados a utilizar a estrada para poderem continuar o seu caminho, sujeitos a atropelamento e a provocarem acidentes. Eu? Como vinha com um saco carregado de produtos de limpeza, nomeadamente detergente para a máquina de lavar roupa (e quem está habituado a comprá-los sabe que não são propriamente leves), recusei-me a "ir à estrada". Consequência: uns quantos retrovisores dobrados para dentro após um encontrão com o meu braço e umas batidas com o saco dos detergentes na carroçaria. Não, não provoquei qualquer dano intencional em alguma viatura. Não, também não o fiz propositadamente. Não, também não me desviei. Alguém reclamou? que eu tenha visto (ou ouvido) não. Se o fizessem, teriam resposta. Se insistissem, então que chamassem a polícia e veríamos quem tinha razão. Mas não nos desviemos do assunto principal. O que é importante aqui ressalvar é a forma como toda a gente parece perceber o que está mal mas só depois das tragédias ocorrerem. Fazem-se petições, chamam-se os bombeiros de heróis (que o são) mas isso só acontece quando estes são necessários. alguém se lembra de apoiar os bombeiros durante o resto do ano no sentido destes de prepararem para a época de fogos? Alguém se lembra de alertar as autarquias (e insistir) para que as matas sejam limpas ou pelo menos as bermas das estradas estejam devidamente limpas para que no caso em que haja um incêndio este não traia quem circula nestas mesmas estradas? Cabe-nos a nós chamar a atenção ANTES das coisas acontecerem. Aprendamos com os erros, façamos a nossa parte. E tragédias se evitarão. |